Mudando de assunto... Sobre o filme A Paixão de Cristo

Há uns textos eu falei sobre o filme a Paixão de Cristo e sobre como ele tem sido inspirador pra mim em determinados momentos. Então hoje eu queria mudar um pouquinho o foco do blog pra falar sobre este filme… bom, na verdade, acho que isto faz parte desta caminhada de peregrinação.
O FILME FOI LANÇADO EM 2004

Peregrinação… nos lembra que somos peregrinos nesta terra, que não pertencemos a este mundo, mas caminhamos rumo ao Céu e esta é uma caminhada de conversão. Eu acho que o filme a Paixão de Cristo é um instrumento de conversão… não é só um filme, é um acontecimento. É uma catequese.

A primeira vez que eu vi o filme, eu deveria ter uns 12 anos e acho que fiquei muito impressionada de um jeito negativo. Quero dizer, só pra começar eu chorei o filme inteiro e não conseguia manter os olhos abertos em todas as cenas. Depois tive um pouco de dificuldade pra dormir. Mas assim, ainda pode-se dizer que eu era uma criança e sempre fui muito sensível em certos aspectos. Por exemplo, aos 8 anos de idade, quando escutei pela primeira vez que os primeiros cristãos eram jogados nas arenas romanas para serem devorados por leões e outros animais, eu não consegui dormir por uns 2 dias, porque quando estava sozinha no quarto ficava imaginando essa cena e me sentia profundamente angustiada.

Sem falar que eu era uma criança bem medrosa, mesmo com coisas insignificantes, por exemplo, eu tinha medo do Grinch do Jim Carry… (na verdade até hoje acho ele meio assustador).


OLHA BEM.... NÃO DÁ MEDO? COMO ISSO É FILME DE CRIANÇA???!!!

E eu sempre tive um verdadeiro pavor do Edward Mãos de Tesoura. (Na verdade, até hoje não posso ver esse personagem que me dá uma vontade absurda de gritar e sair correndo… e por isso não vou por foto aqui. "Mas Deborah, ele é tão lindo, tão do bem, tão..." "tão assustador com aquela cara, aquele cabelo, aquelas tesouras. Vocês já repararam no olhar assassino dele no final do filme? Às vezes, de noite, imagino a porta do meu quarto abrindo bem devagar, aquelas tesouras aparecendo e tenho vontade de chamar a minha mãe").

Enfim. Imaginem então quão impressionada eu fiquei quando vi A Paixão de Cristo. Apesar disso, algumas cenas daquele filme me tocaram muito. Por causa dessa impressão que eu fiquei após assistir pela primeira vez, eu nunca mais tive coragem de ver novamente. Às vezes quando estava passando em algum canal de televisão, eu mudava, porque já começava a me dar aquela vontade de chorar. Porém, por todos esses dez anos após ter assistido ao filme, algumas cenas ficaram muito grudadas na minha mente, sendo todas elas referente a Virgem Maria. Eu fiquei muito impressionada com a maneira como eles retrataram Nossa Senhora. Depois, lendo vários livros que falam sobre a Mãe de Deus, eu me dei conta que a interpretação de Maria no filme é o que mais se aproxima da realidade.

Aliás, acho que posso dizer que depois de mais de dez anos, após ver o filme pela segunda vez na Sexta-feira Santa deste ano, A Paixão de Cristo é, na minha humilde opinião, o melhor filme de todos os tempos e vou explicar porquê.No Sábado Santo eu fiquei durante um tempo assistindo várias vídeos no youtube sobre o filme, entre eles o making off e entrevista de alguns atores, diretor e produtores.

Por que eu acho que este é o melhor filme de todos os tempos? Porque o diretor pegou uma história real que tem uma importância imensurável na história do mundo e retratou da maneira mais fiel possível em uma peça cinematográfica, ou seja, com uma interpretação mais fiel aos textos bíblicos e fazendo referências importantíssimas, referências que provavelmente só quem perscruta as Escrituras pode entender. Então, o cuidado do diretor e a fidelidade dele em retratar este acontecimento é perfeito.
Como eu falei, ele traz a essência do acontecimento, faz referências ao Antigo Testamento, ou seja, a morte de Cristo realiza em si toda a História da Salvação, mostrando de fato o sacrifício que Ele fez por amor, livremente, se entregando e não como os outros filmes que mostram Jesus como um “cara do bem” que foi condenado injustamente. Porque, está escrito na Bíblia que Cristo foi esbofeteados, espancado, virado do avesso, que nem parecia mais uma figura humana, que diante dele as pessoas viravam o rosto. Ai vem aqueles filminhos meia boca em que Jesus tem 8 gotas de sangue escorrendo pelo corpo e tem um olho azul...


FILME JESUS DE NAZARÉ... ABUSO DA BOA VONTADE


O filme foi todo filmado em duas línguas mortas, aramaico e latim…. os atores dão um show de interpretação, Mel Gibson dá um show de direção, todo mundo da um show de cinema e eu me pergunto, por que não foi indicado ao Oscar de melhor filme? Bom, na verdade, eu acho que só quem de fato vive a Fé Católica consegue entender a magnitude do que Mel Gibson fez. Ademais, o filme também gerou muita polêmica por não ser Hollywood, pela polêmica que teve com os judeus, por não ser em inglês e outras coisas mais. Tudo bem, eu entendo a falta de indicação em categorias mais importantes como melhor filme e melhor diretor, mas definitivamente, acho que nunca nada vai superar esta obra no cinema. Sobretudo porque o filme é capaz de tocar profundamente até o telespectador mais cético.

Agora… com toda a polêmica, eu fiquei muito indignada ao perceber, mesmo sendo 12 anos depois, que Jim Caviezel não foi indicado como melhor ator. A interpretação dele é arrepiante. Supera muito Leo Di Caprio ou Eddie Redmayne. Jim disse que ele queria que as pessoas vissem a Cristo mesmo e não ele… aliás, esse foi um dos motivos pelo qual Mel Gibson não pegou um ator estrela de Hollywood, porque ele não queria que o destaque fosse o ator. Por exemplo, a atuação do Leo Di Caprio em O Regresso foi impressionante, mas é disso que todo mundo fala, as pessoas veem o Leo interpretando. “O Leo estava impressionante no filme”. Mas no filme ele não era o Leo, mas sim o Hugh Glass, mas as pessoas viam o Leo.
Mas quem era Jim Caviezel? O Jim tem cabelo preto e olho azul e não tem barba. Mas Cristo tem cabelos castanhos, olhos castanhos e uma farta barba castanha… e quando você assiste ao filme, os olhares de Cristo, o jeito de falar, de se expressar, é muito tocante. você nem sabe quem é o ator, mas ali, no fundo daquela interpretação, está Cristo e acho que isso é o que torna tudo tão tocante.
JIM CAVIEZEL- DÁ PRA DIZER QUE É A MESMA PESSOA?



OBS: Jim Caviezel fica lindo de qualquer jeito. Passaram 12 anos, ele tá mais grisalho, mas continua maravilhoso.

Não só Cristo, como a Virgem Maria. Porque ninguém sabe quem é aquela atriz… ela nem sequer é americana, é romena... A forma como ela sofre silenciosamente… ela vai envelhecendo durante o filme e é possível ver a espada que lhe transpassa a alma. Mas o olhar dela é sereno e firme, ou seja, no olhar dela está aquele fundo da Virgem Maria, que junto com Cristo, se entregou voluntariamente aos homens, porque aceitou a vontade de Deus na vida dela. Um aplauso pra essa atriz que conseguiu entender bem quem ela estava interpretando!

MAIA MORGENSTERN ESTAVA GRÁVIDA QUANDO FILMOU A PAIXÃO

Mas agora eu quero destacar as minhas cenas favoritas. 

Acho que a primeira favorita e talvez seja a favorita do filme inteiro é quando Jesus está no sinédrio pela primeira vez e ele vê um senhor martelando uma madeira. Naquele momento ele se lembra dele em casa com a mãe, antes de começar a vida pública, quando ele exercia a profissão que tinha aprendido com o pai… Uma das coisas que eu mais fico pensando, que eu mais gostaria de saber como é, é essa parte da vida de Jesus que não aparece no Evangelho… ele criança, a relação dele com São José, ele adolescente, ele aprendendo a carpintaria junto com o pai e depois que o pai dele faleceu, ele sustentando a casa como o “homem da casa” e cuidando da mãe viúva. Então, ter essa cena no filme é bem legal. Quero dizer, mostra Jesus na sua natureza mais humana… trabalhando… concentrado no trabalho e dizendo que está com fome. Mais do que isso, mostra a relação entre ele e Maria… nessa hora ele quase que tira uma onda com a mãe dele, aliás, jogando água nela e depois a beija de uma maneira tão terna. É muito bonito.

O que eu acho mais engraçado é que parece nessa cena do filme que Jesus teve a ideia original de fazer mesas e cadeiras altas tal como nós conhecemos… claro que isso é só pra romancear um pouco, mas imagine só… o inventor da mesa e das cadeiras altas foi ninguém mais ninguém menos que Jesus Cristo. Heheheh
Acho que essa é minha cena favorita também porque é uma das poucas que mostra Jesus limpo… sem sangue ou olho inchado e tal…
Quando acaba essa recordação e volta pro Sinédrio, Jesus vê a Virgem Maria ali no meio e eles se fitam de uma maneira intensa. No olha de Jesus dá pra ver um mix de querer correr até a mãe para buscar consolo e de que correr até ela para consolá-la.



Outra cena favorita é quando Jesus está preso no calabouço e a Virgem maria sente a presença dele, então ela se abaixa no ponto exato onde ele está e ele olha pra cima, como sabendo que ela está ali. Neste momento, geralmente, meus olhos enchem de lágrimas.
Num livro que eu li e que, aliás, recomendo muito, chamado ‘O Evangelho Apócrifo da Virgem Maria’ (para saber mais, clique aqui) diz que ela pediu a Deus que tivesse a Graça de compartilhar com Jesus todas as dores e lhe foi concedido compartilhar com ele tudo que ele sentia. A angustia e o medo no jardim das Oliveiras, a dor das bofetadas, ou seja, Deus concedeu que mãe e filho se tornasse um só… dessa forma o sacrifício de Cristo foi também o sacrifício de Maria! E acho que o filme de Gibson retrata isso muito bem.

ESTA CENA ARREPIA

Bom, já que estamos falando de Maria, vamos seguir falando de Maria.


Já na Via Crucis, há um momento em que ela para numa viela para esperar e ver o Cristo passando, só que ela não tem coragem de olhar. É a primeira vez em que parece que Maria vai vacilar. Porém ela se recorda de quando Jesus era pequeno e levou um tombo e ela corre até ele, toma-o nos braços dizendo “estou aqui”. Então, nessa hora ela vê Jesus caindo com a Cruz e corre até ele. É uma cena de pelar de chorar. A forma como eles mesclam passado e futuro é lindo e ela vai até Jesus e diz “Estou aqui”. Quero dizer, no fundo, Maria diz “Estou aqui com você meu filho, para que tenhas forças para continuar. Não desista”.

Nossa, não preciso dizer mais nada né. Até porque Jesus se levanta e segue seu caminho doloroso após renovar as forças no olhar de sua mãe.

No momento da Crucificação tem mais um jogo de cena lindo… a Virgem está com a boca no pó, parecendo sem forças, mas quando eles começam a levantar a Cruz, ela se levanta junto, com os olhos fixos no filho. Ali mostra o que é ser Cristão…. Ou seja, saber que é na Cruz que brota a Vida e a Esperança e isso fortalece. É olhar a Cruz de Cristo que faz com que os Cristãos se levantem. Se levantem diante das suas escravidões, se levantem depois de pecar, sempre olhando para o local onde Cristo lavou todos os nossos pecados. Não que a Virgem Maria tivesse pecados, mas acredito que ao levantar junto com a Cruz, ela se levantava para a humanidade, renovava a esperança no amor de Deus e na Vida Eterna.

Uma outra cena que eu gosto muito e acho bem tocante é Cirineu ajudando Cristo a carregar a Cruz...tem uma tomada muito particular que foca nos braços de Jesus e Cirineu entrelaçados, carregando a Cruz… achei muito sensível isso, porque mostra que nós não temos que carregar nossa Cruz sozinhos, carregamos junto com Cristo, que, uma vez ressuscitado, é bem mais forte do que nós, o que significa que a nossa parte é bem mais leve.

É muito interessante de ver Cirineu dando forças ao Senhor para que ele continue caminhando… e a forma como Cristo olha para ele… um olhar carregado como se ele quisesse dizer muitas coisas para o homem ao seu lado, mas não tem forças para isso. Então eles se olha intensamente e dialogam de coração para coração. Um homem, pecador, pobre, estende a mão para levantar o Senhor da Vida… foi o ponto ao qual Deus se “humilhou” por amor a nós…. acho que mostra também a profunda comunhão que Cristo quer ter conosco.



Aliás, enquanto eu via o filme eu me perguntava como Jesus aguentou até o fim… porque ele deveria ter morrido ali na flagelação mesmo. Ou então, na Via Crucis era pra ter caído no chão desmaiado, morto, sei lá…. acho que a força era Deus quem dava, para que Ele fosse até o fim para lavar todos os nossos pecados. Minha mãe falou uma coisa que eu nunca tinha parado pra pensar… Eu sempre me pergunto porque os soldados romanos batiam tanto em Jesus… se fossem os soldados dos judeus, ok, porque eles tinham aquela raiva de Jesus e tal, agora, o que os Romanos tinha contra Cristo? Ai, a mamãe disse que era exatamente por isso, porque Jesus não se entregava… Ele apanhava e levantava para apanhar mais. Ela disse que os soldados deveriam querer derrubar ele, mas vendo que ele não se rendia, batiam com mais e mais força. Mas a força de Deus é maior que qualquer açoite.

Pensando um pouco agora, acho que essa é a vida do Cristão… por mais flagelado pelos pecados, esbofeteado pela perseguição, espancado no combate, ele não se entrega nunca, porque sabe que se Deus está com ele, nada pode vencê-lo.

Acho que eu poderia falar de todas as cenas do filmes… hehehe, mas vou escolher só mais uma. Quando Verônica enxuga o rosto de Cristo. Tudo é lindo nessa cena. A serenidade de Verônica, apesar de tudo, a delicadeza dela, o modo como Jesus olha pra ela, sem dizer uma palavra (até porque, acho que ele não aguentava mais nada). Observem como Jesus olha pra ela...



Além de todas essas coisas, se você vê o por trás das cenas, você tem certeza que tem o dedo de Deus ali no filme…. A começar que o ator que faz Jesus no filme (o maravilhoso do Jim Caviezel) é um católico praticante. Ele e o Mel Gibson comungavam todos os dias durante as filmagens, ele rezava o terço todo dia e se confessava regularmente… além disso, ele sofreu muito fisicamente durante as filmagens. Levou duas chicotadas de verdade nas costas, teve hipotermia na cruz, se machucou de verdade durante a Via Crucis, deslocou o ombro e outras coisas mais. Ele disse que pôde compartilhar um pouco dos sofrimentos de Cristo… olha, se vocês puderem ir lá no youtube e assistir as entrevistas é bem legal.

Tem mais uma curiosidade que eu gostaria de comentar... No começo da produção, Gibson e Caviezel estavam ao telefone e eis que aconteceu o seguinte: Caviezel ficou em silêncio por um momento e o Gibson perguntou:

- O que foi, Jim?"

- Acabei de me dar conta que as iniciais do meu nome são JC (James Caviezel) e que eu tenho 33 anos- respondeu o interprete de Jesus.

- Agora você está me assuntando- respondeu Gibson e desligou o telefone.
Nossa, eu poderia ficar, horas sem fim falando do filme… hehehehe. A única coisa que eu lamento é que a vida do Mel Gibson parece que foi ladeira abaixo depois do filme… Já Jim Caviezel teve problemas para conseguir novos papéis em Hollywood depois disso, mas ele diz que valeu a pena, porque Jesus Cristo é uma verdade para ele, então ele não se importa com as consequências que isso possa ter. Sobretudo porque ele sempre se recusou a fazer determinadas cenas e filmes por causa dos valores cristãos… olha, é bem legal acompanhar a carreira dele.

Honestamente eu nem sei porque resolvi fazer um texto desse tamanho só pra falar desse filme, mas acho que ele ficou na minha cabeça de um jeito especial. E é um filme que mostra a misericórdia de Cristo por nós… e esse é o ano da Misericórdia e Misericórdia é o tema da JMJ… então acho que vale a pena assistir durante essa preparação para a JMJ.
PS.: Tá bizarro uma foto do Grinch no meio das outras de Jesus sendo morto....









































Comentários

  1. É muito, muito forte filme visual. Eu acho que um dos melhores filmes voltados para a religião é Risen uma focada na ressurreição de Cristo, do ponto de vista de uma história ateu. Contextualmente falando, eu aplaudo o seu recurso cinematografia maravilhoso especialmente no terceiro ato. Tudo parece estar em linha com o tempo, incluindo alguns diálogos ou cenas vão de acordo com a Bíblia. Além disso, não é exagero na violência, nem recorrer a fantasia visual para dizer um ao outro milagre.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas