And the Oscar goes to....



Oi Pessoal!

Como vocês sabe ou devem ter notado em algum momento, eu sou apaixonada por cinema. Na verdade, eu sempre gostei muito de tela. Quando pequena, assistia muita TV, e sempre gostei muito de tudo que fosse fantasia. Depois, mais adolescente, eu gostava de assistir os programas da TV fechada, os programas de entrevista- que são uma paixão- os realities shows (os decentes né) e tudo mais.


Eu gosto muito de séries também, mas acho que o que eu mais gosto mesmo são os filmes, pela dinâmica, pela narrativa. A série... por ela ter muitos episódios, várias temporadas, ela precisa ser muito boa, sobretudo no roteiro, porque senão, corre o risco de ficar chata, entendiante e se perder. Isso aconteceu com a maioria das series que eu já vi. Chega um momento que vira uma bola de neve desagradável e a verdade é que a gente só continua assistindo pelo envolvimento emocional que criamos com a história e também para saber como vai terminar. Algumas séries conseguem se salvar e ter um final digno, já outras.... é naufrágio.

Bom, minha paixão por filmes vem de uma influencia maior do meu pai, eu acho. Ele sempre levou muito a gente ao cinema e alugava filmes pra gente praticamente toda semana. Depois, eu tive um melhor amigo cinéfilo que tinha o sonho de ser cineasta e que sempre me influenciou muito também. Ele tinha muitos DVDs de colecionador, que continham todos os bônus, extras e making-of, que eu passava a tarde assistindo, encantada. Eu amo ver making-of de filme. Eu fico meio impressionada de ver como é a realidade e depois como chega o produto final até a gente.

E eu adoro o glamour, adoro acompanhar o Oscar. Este ano foi o ano que assisti a maioria dos indicados e eu queria ter comentado sobre eles no Instagram ou aqui no blog, mas nenhuma das duas coisas deu tempo. Porém, tenho alguns textos prontos e vou compartilhar aqui mesmo assim, mesmo que a cerimônia já seja amanhã (24/2).

Acho bem legal poder compartilhar as opiniões sobre o filme, opiniões porque ninguém aqui é critico de cinema ou entende o suficiente, eu sou a primeira a não entender nada. Pra eu julgar o quão bom um filme é, da forma mais subjetiva falando, porque não tenho nenhum conhecimento da parte técnica, ele precisa ter coerência, tanto na montagem, quanto na história, quanto na mensagem que quer passar. Ele precisa cumprir o papel dele que é o de transmitir a mensagem dele e esta mensagem precisa envolver e tocar o espectador. Quanto melhor um filme, maior o nosso nível de envolvimento, então você sente o filme. Um filme cumpre seu papel, quando, ao terminar de assistir, você continua pensando nele por alguns momentos, meio extasiado. Basicamente, este é meu critério.

Se alguém assistiu e quiser dar a opinião aqui, vai ser bem legal ler. Digo isto porque um dos filmes me deixou bem confusa e eu não sabia se tinha gostado ou não. Eu falei sobre ele no twitter e uma pessoa veio comentar o filme comigo e meio que iluminou meu olhar e consegui ter uma compreensão diferente da história e foi bem legal!

E só pra esclarecer: eu acho que a gente tem que ver filmes que nos agradem, que vão nos ajudar a descontrair, a descansar. Mesmo que seja um filme com mais adrenalina. Eu não vejo filmes pra parecer cult, os grande clássicos, super inteligentes. Eu vejo filmes porque amo e busco aqueles que me aprazem. E não são todos. Há gêneros que eu não vejo e estilos também que não vejo. E quando um filme me desagrada, eu chego a parar de assistir, pulo partes. Claro que odeio fazer isto, mas quero me divertir, então, se não me diverte, eu não vejo. E se de antemão eu não gosto da sinopse ou desconfio do trailer, também não vejo.

Mas, de qualquer forma, acho que o cinema expande nossa linguagem, melhora nossa comunicação, estimula o cérebro e a imaginação e sempre tem algo a ensinar ou fazer refletir.

Então, vamos lá!
Vou seguir pela ordem de uma lista que eu tenho aqui. Primeiro filme:

A Favorita

Ficha Técnica:
Título original: The Favourite
Gênero: Drama histórico
Nome do diretor: Yórgos Lánthimos
Nome dos protagonistas: Olivia Colman, Rachel Weisz, Emma Stone.

Concorre em Melhor:
Filme
Direção
Atriz
Atriz coadjuvante
Roteiro Original
Direção de arte
Fotografia
Figurino
Edição


Este é o segundo filme com mais indicações. Mas eu estou bem decepcionada com o tanto de indicações e com o tanto de prêmios que este filme já levou.
Eu gostei do filme? Não.
Eu indico o filme? Não.
Fim.

Preciso ser honesta e dizer que talvez meu julgamento não seja muito honesto porque eu não aprecio em nada o estilo do filme e ele pega em questões morais para mim. Por ter cenas desconcertantes e por chegar a ser quase um tédio, quando cheguei na metade, comecei a pular várias cenas e fui avançando até o fim, parando somente em alguns diálogos que eu imaginei que poderia ser importante para entender o final. Mas não foi o caso. O flash das cenas que eu vi e o que eu havia absorvido na primeira metade do filme já era o suficiente para entender o tema principal.
Várias cenas me causaram repugnância, mas quando uma das personagens pisa e esmaga um filhote de coelho, eu senti ânsia. 
Talvez agora mesmo eu esteja perdendo toda minha credibilidade com relação ao meu gosto e julgamento dos filmes e olha, eu não sinto muito por isso. Prefiro dar minha opinião honesta do que querer bancar a cult mente aberta. Porque, se para além dessas cenas mais impactantes, o filme fosse interessante e legal... mas não é. Eu não consegui me envolver e nem me conectar com nenhum personagem.

O filme fala sobre poder, manipulação, deturpação e a forma doentia com a qual podemos nos relacionar diante do tamanho das nossas carências e dos nossos interesses. A relação central do filme é um triângulo amoroso exclusivamente feminino, ou seja, entre três mulheres, de extremo abuso emocional e mostra o quanto o ser humano é capaz de transformar o outro num simples objeto para satisfazer seus prazeres, carências e a que ponto é possível se sujeitar por dinheiro, poder e prestígio. É verdade que há um momento em que o filme tem uma leve reviravolta, mas o final ficou ruim, sabe aqueles filmes sem final? Que termina de forma estúpida? Pois é. Porém, se há uma mensagem que se pode tirar do final é: quando você usa o outro, quando você toma o outro pra si, quando você vive em função da própria satisfação, no final, acaba todo mundo FRUSTRADO. Frustração. Você faz o que você quiser e no final acaba doente e frustrado.

Sinopse
O filme se passa no século 18, na Inglaterra, focando na Rainha Ana, que é viúva. Ela sofre, se eu entendi bem, de gota...o que importa é que tem uma saúde frágil. Ela carrega um trauma na vida dela, que na minha opinião é o que causa o problema psicológico que ela tem. A insegurança, a depressão, a carência, o comportamento deveras infantil, a incapacidade de tomar decisões.
Ela tem uma conselheira, a Duquesa Sarah, que para além de aconselhar, tem muito poder de influência sobre a rainha, então, de forma indireta, ela acaba sendo responsável por algumas decisões do governo. Só que ela é amante da rainha, mesmo sendo casada. Ou seja, ai já tem o primeiro problema de moral, porque, além de tudo, claro, é escondido. Ou seja, ela trai o marido.
Mas a relação entre elas duas qual é? A Duquesa usa da fragilidade da Rainha para manter o poder e a rainha usa da Duquesa pra se satisfazer, se isentar das responsabilidades e suprir os vazios que ela tem.
Só que ai, chega a Abigail, uma pobre coitada que se torna criada no castelo e meio que sem querer querendo, se torna a queridinha da rainha. Quando ela percebe as fragilidades da monarca, descobre a relação com a duquesa e percebe que ela tem espaço, que a rainha gosta dela... ela vai entrando de fininho. Acontece que a duquesa é muito dura e a Abigail já é toda doce, por isso a rainha acaba se afeiçoando a ela. Então, mas uma vez vira um jogo de suprimento, uma suprindo a necessidade da outra, a Abigail também se torna amante da Rainha por puríssimo interesse e vira uma disputa entre as duas lacaias pra ver quem consegue ser A Favorita. E o filme gira só em torno disso. 
Também tem uma questão governamental que aparece, mas isso fica em segundo plano.

Talvez, a parte técnica mereça mais elogios, mas na minha rélis opinião, merece ganhar de melhor filme? Não. Porque eu extraí essa coisa doentia que pode existir na relação humana, mas não fica muito claro se esse foi o objetivo do filme. Então o filme acaba e você fica: "tá e dai?"
Será que a conclusão que eu cheguei sobre a relação humana é o real objetivo do filme? Ou será que a proposta do filme era alinhar com toda a questão do feminismo? Porque toda a trama gira em torno das três mulheres, elas são todo o destaque, sendo que os homens são insignificantes, de certa forma. Eu acho que o X da questão está aí. Fazer um filme essencialmente feminino. Mas pra mim, que sou mulher, não agrega muito, se é esse o objetivo. Eu acho que não vai ganhar mesmo, porque Roma, do Afonso Cuarón está muito forte. Também tem Vice e Pantera Negra que estão no páreo disputando forte.

Direção.... Bom, o diretor é um grego... não sei. Ele extraiu um bom trabalho dos atores e dentro do objetivo do filme, ele conseguiu o que queria, criar esta trama em torno desta disputa entre as duas, desse jogo entre as três. Ele conta bem a história e vamos dizer que a forma como ele faz você finalmente entender o que está acontecendo é bem lenta, mas não deixa fios soltos, então, até que a história se amarra bem. 
Agora, já falando de direção e edição, acho que umas partes acabam ficando meio desconexas. As vezes, eu senti como se algumas cenas estivessem desencaixadas, mas no fim, elas fazem mais sentido. Porém, há ainda umas cenas aleatórias que eu não entendi a razão de estarem ali. Leva diretor? Graças ao Afonso Cuarón, não. Leva de Edição? Acho que tem melhores, mas a chance é alta.

Atriz... acho que a Olivia Colman está excelente no filme, ela pegou bem a essência do personagem que não é uma mulher louca, mas que tem problemas psicológicos, traumas. Porque ela é uma mulher bastante sensível, bem mais que as outras duas que são muito frias. A personagem dela sofre e acho que ela vai bem no filme. Leva de melhor atriz? Pode ser, mas acho que as concorrentes.... vem muito forte. Especialmente a Glenn Close.

Tanto a Emma Stone quanto a Rachel Weisz concorrem como melhor atriz coadjuvante, e sinceramente, não achei nada demais. Talvez a Rachel esteja melhor que a Emma Stone. Mas eu tenho outra aposta pra essa categoria de uma atriz que vem levando todas.

Roteiro original: achei a história original sim. O filme tem essa originalidade, mas o roteiro... achei meio tédio e um pouco apelativo. Pode levar, mas tem concorrentes muito fortes e minha torcida vai pra outro.

Fotografia, direção de arte e figurino acho que tem boas chances de levar.

O filme tem complexidade e uma complexidade coerente tanto no roteiro, quanto na narrativa e em toda a parte técnica.
Tem intensidade de efeito? Não sei.... tem intensidade de efeito porque choca? Pra mim não vale muito.
O filme inspira? Não.
Recomendo? Não. 

Roma


Ficha Técnica:
Título: “Roma”.
Gênero: Drama.
Direção: Alfonso Cuarón.
Protagonistas: Yalitza Aparicio, Marina de Tavira.

Concorre:
Melhor filme
Diretor
Atriz
Atriz coadjuvante
Roteiro original
Filme estrangeiro
Diretor de arte
Fotografia
Edição de som
Mixagem de som

Junto com A Favorita, Roma é outro filme que tem mais indicações ao Oscar, somando 10 ao todo. Apesar do filme estar na Netflix, sendo bastante acessível, não acredito que seja um filme para todos, com apelo popular. Pela alta nas críticas, ele tem sido muito visto na plataforma, mas não sei se todos que começam a ver chegam ao fim. Não sei porque Roma foi parar na Netflix ao invés do cinema, mas acredito que seja justamente por isso, não atrai bilheteria, não é um filme que vende.
Roma é um filme para os apreciadores da arte do cinema, para os que sabem observar e definir todas as técnicas, o que nem é o meu caso. Por isso, dizer se gostei ou não do filme, é algo difícil de definir. Na verdade eu gostei sim, mas não é um filme que eu assistiria novamente e nem é exatamente um entretenimento, porque talvez ele não entretenha. Minha família começou a ver comigo, e no final, só eu sobrei. E confesso que há um momento muito marcante na segunda metade do filme que vale pelo filme inteiro. O tanto que aquela cena toca e choca pela sua originalidade me fez assistir o resto do filme com outro olhar.
Roma é um filme muito original e belíssimo artisticamente falando. Acho que todos os filmes têm alguma mensagem a passar, mas o primeiro ponto positivo é que é um filme que retrata a vida real, como ela é, com todos os seus paradoxos, sofrimentos, alegrias, com os problemas sociais todos que conhecemos, mas sem lição de moral. Sem enfiar uma aula de consciência do politicamente correto goela abaixo. Confesso que analisando os filmes indicados e a maioria dos filmes que têm sido lançado, parece cada vez mais difícil achar um filme isento de apelo ideológico, levantamento de bandeiras, politicamente correto, cheio de lição de moral (de uma moral muito duvidosa ainda por cima) e tudo isso com muito apelo e forçação de barra. Mas assim é Roma. Com um roteiro original e diferente, que até certo ponto não entretém, justamente por ser um retrato da realidade, toca em problemas da realidade e trata deles de forma realista também. Ou seja, é muito fácil berrar nas ruas e nas redes sociais, mas quando chega na prática, a teoria é outra porque não existe só você e seu sofrimento no mundo.

Vamos a sinopse do filme:
Embora não de forma explicita, Roma é uma auto- biografia do diretor, Alfonso Cuarón, embora não seja nem possível identifica-lo entre os personagens. Mas é a história de uma família que vive num bairro da Cidade do México chamado Roma. O casal, os quatro filhos e a avó materna formam uma família de classe média alta, que moram numa casa grande e bonita, onde trabalham duas empregadas, sendo uma delas Cléo, a protagonista. O pai da família viaja muito a trabalho e por isso está sempre ausente, até que acontece o óbvio e a mãe, Sofia, precisa se virar para dar conta de tudo. Já Cléo tem um namorado que some quando fica sabendo que ela está gravida.
E o filme retrata esta realidade, uma família que tenta se manter de pé e uma jovem que também tenta se manter de pé. A relação entre Cléo e a família passa pelo afeto, cuidado e lealdade e momentos de submissão. O que impressiona é a forma como esta história é contada, um realismo cru. Em preto e branco, sem cortes de cenas, movimento contínuo de câmera, uma câmera fixa que coloca o espectador em primeira pessoa. Não consigo descrever em palavras como é, mas a filmagem parece mesmo que você sentou em um ponto e está observando a vida de uma família. E assim é o filme. E talvez por isso ele seja tão impressionante. Porque não romantiza a vida, a luta para sobrevier no mundo de hoje. Não inventa acontecimentos para tornar a rotina interessante. Não. É aquela rotina e as emoções que são difíceis de lidar: um marido que vai embora, uma gravidez “inesperada”, tantas perdas... e no meio de todo o sofrimento, se encontra sentido e beleza no débil amor que temos uns pelos outros, no estar juntos, no lutar juntos, cada um na sua dor, personalidade. Bom, acho que basta.

Leva melhor filme? Não torço pra ele e acho que ou leva melhor filme estrangeiro ou leva melhor filme, os dois é demais.

Diretor: Minha aposta é no mexicano Alfonso, sem dúvida. Primeiro pela tendência das últimas premiações, mas também pela originalidade, pela beleza, pela condução do trabalho dos atores. Ele conseguiu dar sentimento a um filme que não teria nenhum.

Melhor atriz e melhor atriz coadjuvante: Enquanto a Marina é uma atriz experiente, a Yalitza caiu ali de paraquedas e fez um belo trabalho. Sabe, é mais fácil uma interpretação “fantástica”, fazer um papel que não existe, do que interpretar alguém “real”, fazer um papel onde você é simplesmente uma pessoa comum. E ela o fez. Quanto da personalidade dela tinha ali, eu não sei, mas está de parabéns. Porém, acho que nenhuma das duas leva este prêmio.

Roteiro original tem grandes chances pela originalidade e coerência.

Diretor de arte, fotografia: excelentes chances.

Edição e mixagem de som: este filme não tem trilha sonora. Os sons ambientes são os únicos e eles fazem com que o filme seja aquilo que ele é quer ser: realista. O som ambiente da ainda mais noção de “mundo real” e nos aproxima ainda mais da obra.

Tem intensidade de efeito? Sim
Complexidade? Sim
Inspira? Depende
Recomendo? Depende do tipo de espectador que você é. 

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