Amigo de Perê

Hoje eu estou um pouco melhor do que estava na terça… nada como um dia após o outro… com novos acontecimentos que vão nos ajudando.

Vou escrever sobre o que eu queria ter escrito na semana passada, porque eu estava muito inspirada pra falar sobre esse assunto. Mas a semana passada foi uma semana muito pesada e eu não consegui escrever, então ficou pra hoje.

Semana passada (nossa, quanta semana passada neste texto) eu acordei em algum dia, que não lembro qual, pensando muito na peregrinação da Austrália, especialmente nos momentos vividos entre amigos.


Depois, eu estava conversando com uma amiga que vai pra Polônia e está um pouco insegura com relação a ficar meio “excluída” do grupo. Eu falei pra ela, com toda a certeza do meu coração: it doesn’t matter what, você sempre vai encontrar um melhor amigo irmão da vida em uma peregrinação.

Ou é aquela pessoa que você nunca viu, ou é aquela que você só viu, mas nunca falou, ou é aquela que tava do seu lado e você nunca deu nada, mas descobre que tem um grande amigo em potencial ali.

São duas situações, tanto se no grupo ta aquele seu amigo de fé, seu irmão camarada, quanto se você tá meio perdido no meio da galera.

Bom, primeiro vamos falar daquele peregrino que se despede do best friend no aeroporto, entra na sala de embarque, olha o grupo e vê todo mundo em grupinhos, triozinhos, casaizinhos e imediadamente tem vontade de dar meia volta e ir embora. Quero dizer, você está indo viajar sozinho pra outro país, onde você não conhece nada, não fala a língua …nem sei como explicar, é obvio que é uma sensação horrível. Tipo, se você precisar de ajuda, quem vai realmente estar ali pra te auxiliar? cadê a amiga que vai segurar as suas coisas pra você ir no banheiro? ou pra segurar a porta sem tranca do banheiro? Cadê a amiga pra você comentar sobre os italianos, espanhóis, australianos, norte americanos maravelhosos? cadê a amiga que vai te ajudar a pedir lanche no Subway? a que vai dar um rolêzinho com você nos momentos off? a que vai dar opinião na hora das compras? a que você vai por o saco de dormir do seu ladinho e você vai poder falar como está se sentindo????

CADEEEEEEEE???????????????????????????

Sim, é uma sensação horrível. To falando isso porque já passei por isso. JMJ 2008…. foi tenso ir. Eu me sentia terrivelmente sozinha num grupo de 80 pessoas. Chorei quase o caminho todo até o aeroporto, chorei no aeroporto. Quero dizer, eu já estava desesperada por ter que passar 26 horas dentro de um avião. Com quem eu ia conversar pra tentar me distrair? quem ia estender a mão pra eu segurar?

Então, quando você está ali se sentindo a escória do mundo, sempre tem aquela pessoa que ta te observando meio de longe e fica com um pouco de dó.

Geralmente é uma pessoa humilde, tranquila, divertida, que tem o coração livre de julgamentos, solidária, paciente. Essa pessoa vai chegar do seu lado e dizer “por que você não vem aqui com a gente?” ou “tá tudo bem?” ou “tô indo ali comprar uma camiseta, quer vir?” ou que senta do seu lado com alguma comidinha, começa a puxar assunto, e quando você vê, está tendo uma conversa divertida, enquanto divide comidinhas.


Um momento bem....

<3

Ou então, você acordar logo no primeiro dia passando terrivelmente mal, sem força nem pra arrumar suas coisas, começando a se sentir meio desesperada, os responsáveis do grupo já tão querendo te levar pro hospital e você começa a morrer por dentro (primeiro dia de viagem, num país estranho, longe dos seus pais... porque vamos combinar, todo mundo quer os pais quando está doente), chegam 2 pessoas e te oferecem ajuda para arrumar suas coisas, te ajudar a ir no banheiro a se trocar... duas pessoas relativamente estranhas. E então, uma dessas duas é iluminada pelo Espírito Santo e faz a coisa mais obvia e simples do mundo, que ninguém tinha pensado: te salva com um pouco de sal embaixo da língua. Ai você já ressuscitada, levanta e aquelas pessoas que te ajudaram continuam com você para garantir que você está bem e, quando você vê, já passaram o dia inteiro juntos, descobriram que tem um monte de coisa em comum e simplesmente uma grande amizade se forma e ficará para sempre no coração.

Essa pessoa pode ser aquela que você nunca viu, a que já viu mas nunca falou ou a que estava ali o tempo todo e você pensava que não tinha nada a ver com ela.
A outra situação é aquela em que você tem já o seu best junto com você, mas então vocês sentam perto de alguém (que você nunca viu, ou que já viu mas nunca falou ou que estava ali o tempo todo e você pensava que não tinha nada a ver com ela) no trem, naquela viagem que vai durar uns 40 minutos e vocês começam a falar de assuntos aleatórios, descobrem um monte de coisa em comum e uma afinidade enorme. O trem para, vocês descem, mas continuam conversando e rindo muito e pronto. A sua dupla já virou um trio ou um quarteto.

Outro momento...


Com o passar dos dias, em uma JMJ, a gente fica meio carente. Se você é como eu, sensível, insegura, que ama estar sempre com a família, que sempre conta tudo pra sua família, pensar em estar tantos dias fora de casa, ainda mais com milhares de quilômetros de distância, dá essa sensação de “por favor, alguém me ame e escute o que eu tenho a dizer e por favor, me conte as novidades” e isso faz com que os laços com as pessoas ao seu redor se estreitem.

É tudo muito intenso. Quero dizer, tudo que se vive na JMJ é muito intenso, é uma experiência profunda e não são seus pais que estão ali, nem seus irmãos, mas são aqueles amigos do grupo, os antigos, os novos. Eles tão vivendo tudo aquilo com você, eles sabem o que você está sentindo sem você precisar explicar.

Quando você chega em casa, por mais que conte todos os detalhes com a maior empolgação, sua família não estava lá. Eles não entendem do que você está falando e quanto mais você tenta explicar, percebe que é impossível. Não existem palavras suficientes para descrever aquela experiência. Mas os amigos que estiveram com você 24 por dia, por uns 15 dias, eles sabem. E você nem precisa falar muito. Basta dizer “lembra daquele dia do….?”. E pronto, vocês dois estarão rindo, chorando ou suspirando, transbordando a mesma emoção.

Acho que é isso que faz com as amizades da peregrinação se tornem tão profundas e verdadeiras.

Vocês passaram por diversos perrengues juntos. Veio pra sua amiga bem no final de semana do encontro e você ficou ali do lado dela, dando remédio, lenços umedecidos, deixando ela deitar no seu colo e apertar a sua mão na hora da cólica. Teve aquele amigo que não se importou quando você não aguentou mais e caiu de sono bem na perna dele. Teve aquele momento em que você pagou aquele mico federal e as suas amigas fingiram que nada aconteceu ou te ajudaram a pagar o mico e depois vocês riram por meia hora sem parar. Teve aquele momento em que você queria falar com aquele estrangeiro e seu amigo serviu de interprete. Teve aquele amigo que queria muito ver o Papa de perto e então você foi com ele, andou um monte, se embrenhou no meio da galera, seu amigo na maior expectativa, mas a sua pressão caiu no pé e faltando 5 minutos pro Papa passar, seu amigo, com lágrimas nos olhos, agarra sua mão e te tira do meio da multidão e não vê o Papa. Vai ter o amigo que vai te salvar quando sua mochila ficar presa na porta do metrô.

Vai ter aquele momento em que você e sua amiga se abraçam passando muita força uma pra outra na hora de encarar aquele banheiro horroroso. Tem a amiga que vai emprestar a câmera dela pra você, tirando muitas fotos suas, porque aquele seu outro amigo derrubou a sua no chão e ela quebrou no terceiro dia da viagem.

E aí por fim, vai ter aquele amigo que na hora do avião decolar pra voltar pro Brasil, vai perceber que você ta surtando e vai segurar gentilmente na sua mão e vai te ajudar a respirar fundo.

Eu vivi tudo isso. Eu tive todos esses amigos e acho que isso é o que eu mais amo na peregrinação: encontrar esse amigos ou fortalecer os laços com os antigos amigos.

Eu ainda passo por uma experiência muito especial. Das quatro JMJ’s, em três delas, estava com a minha mãe. Ela foi minha melhor amiga. Era muito difícil estar na Austrália e querer contar cada detalhe pra ela e não poder. Mas ter ela na JMJ comigo… é especial, porque a gente tem uma sintonia perfeita. Mas estar com ela nunca impediu que eu encontrasse esses amigos mega especiais. Todos os acontecimentos que eu narrei acima não foram vividos com a minha mãe, foram vividos com as pessoas mais especiais do mundo que eu encontrei nessa JMJ’s.E não posso deixar de falar do resto da minha família! Amo muito também ter meus pais e meus irmãos comigo nas JMJ's.


JMJ 2011, 2013 e 2005

Família inteira na perê do Rio. Como eu quero poder repetir isso em Cracóvia...
Às vezes, essas amizades criam raízes profundas e eternas. Um casal que eu conheci na JMJ de Madrid…. sou madrinha de casamento deles! Acompanhei muitos momentos importantes da vida deles e os amo demais. Adoro quando estamos juntos, adoro conversar com esses dois e adoro poder fazer parte da família deles! E tudo começou em uma peregrinação!

Mas também é muito difícil quando seu amigo master de perê é de outro estado e quando acaba, cada um volta pra sua casa e fica muito difícil de se ver depois. Eu morro, morro de saudades desses.

Mais difícil ainda é quando você faz umas amizades-irmandades de outros países. Aí o bicho pega. Foi o que aconteceu no Rio…. Espanha e Polônia…. conheci pessoas maravilhosas desses países, pessoas com quem eu converso sempre e que espero muuuuito encontrar na JMJ desse ano!

Acho que esse foi o texto mais amor do mundo!

Estou ansiosa para que chegue julho e eu faça meus incríveis amigos maravilhosos que só vão agregar mais amor na minha vida, junto com os maravilhosos que eu já tenho e estou com frio na barriga de imaginar os meus amigos de outras cidades e estados que vou encontrar depois de tanto tempo…. aqueles que eu só encontro em perês…..

Esse texto é um oferecimento: Alisson, o Alê, Davi (que agora é padre!!!!! aliás, levantou na JMJ da Almenha… Senhor!), Gu!!!!!!!!!!!! (GU CADÊ VOCÊ??? Já cansei de te procurar nas redes sociais e não acho. Um dos amigos mais especiais de todos!), Bárbara (salvadora), Ellen (mana que amo muito <3), Jonathan, Tássia (pessoal mais fofa do mundo), a Alê (saudade), Paty e Rica (casal que eu mais amo), H, Miches (meu parceiro de ideias malucas), Mayara e Marina, Jota, Is (virou fumaça, mas não importa, estará pra sempre no meu <3, quero dizer, ninguém nunca mais me mandou aqueles links aleatórios com significados ocultos que eu não entendia), Anna (my sister que eu espero ter umas horas para poder conhecer a casa dela em Cracóvia. Umas das melhores pessoas que eu já conheci) e Lucía (com seu otimismo inabalável). Amo vocês!!!


                             







Espero não ter esquecido de ninguém!

PS.: Não achei foto com todo mundo, por isso que em Cracóvia temos que tirar e atualizar o quadro!

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