A Dignidade e a Vocação da Mulher
I
Eu gostaria de começar aqui neste espaço, junto com aqueles que queiram me acompanhar, a leitura da Carta Apostólica escrita por São João Paulo II no ano de 1988 intitulada: "A Dignidade e a Vocação da Mulher".
A carta foi escrita após o Sínodo dos Bispos de 1987 que foi dedicado à vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo vinte anos após o Concílio Vaticano II, ou seja, depois de duas décadas deste evento que "abriu as janelas da Igreja" para que pudesse entrar a Luz de Cristo para dar uma resposta aos novos tempos trazidos pela modernidade e com ele, muitas angústias e anseio para toda a humanidade, onde foi ressaltado que a Igreja é formada pelo Povo de Deus, ou seja, todos os homens e mulheres batizados, como esta vocação e missão estava sendo vivida pelos leigos?
Dentro deste contexto laical, entrou em questão a dignidade e a vocação da mulher, afinal, em 1987 se completavam 27 anos do lançamento da primeira pílula anticoncepcional que provocou grandes transformações na vida famílias e questionou o papel da mulher na sociedade.
Não alheia ao que estava acontecendo, a Igreja procurou olhar para tal questão sob a luz do Evangelho e da Revelação, sobretudo, sob a intercessão da Virgem Maria.
Eu resolvi começar a ler esta carta porque, apesar dela ter completado 30 anos neste ano de 2018, ainda é atualíssima, sobretudo diante do cenário que vivemos onde o movimento feminista tem (re)despertado com tanta força. As questões voltam: quem é a mulher? seu papel na sociedade? sua relação com o homem? As vezes, tudo se torna uma grande confusão e parece que a sociedade se esquece que somos humanos criados para o amor, com a mesma dignidade e vira uma grande disputa de quem vale mais ou merece mais, se fechando num egoísmo onde cada um tem sua verdade e, no fim das contas ao contrário do que se pensa, ninguém tem voz, pois um fala e todos devem escutar e seguir. Ai daquele que contrariar! Já vira uma terminação verbal com ing.
Lembrando que este texto foi escrito por um santo, mas para além disso, era um homem inteligentíssimo e muito estudado. E se alguém me disser que este texto está ultrapassado porque foi escrito há 30 anos, o que diremos de Simone de Beauvoir que viveu entre 1908 e 1986, morrendo dois anos antes da escrita da encíclica?
Penso que o ideal é que todos leiam o documento, que você encontra gratuitamente clicando aqui.
E podemos seguir a leitura juntos, começando pelo primeiro capítulo que nada mais é do que uma introdução que nos contextualiza e nos apresenta o que iremos encontrar. Preciso ressaltar que eu estou muito longe de ter qualquer autoridade sobre o assunto e não quero instruir ninguém, porque não tenho condições para isso. Apenas quero despertar a atenção para a necessidade de lermos e conhecermos os documentos de nossa Igreja e o que ela diz diante de tantas questões que confundem a cabeça de tantas pessoas.
Muitas vezes, nós, cristãos, ficamos sem resposta para certos questionamentos porque não conhecemos a resposta que já foi dada. E os que criticam e questionam nunca leram uma homilia do Papa, de forma que dizem muitas abobrinhas sem conhecer a verdade.
Quero fazer esta leitura por capítulos, alternando com outros textos que eventualmente posso escrever.
Eu espero que a leitura desta carta, mais do que qualquer coisa, possa nos fazer sentirmos amados, todos nós, as mulheres de maneira especial, mas também os homens por terem ao lado, como semelhante, a mulher. Que nos sintamos amados pela Igreja e sobretudo por Deus, pois deste amor provém toda a dignidade, paz e alegria.
Em 8 de dezembro de 1965, em sua mensagem final, o Concílio se volta especialmente para as mulheres: "Mas a hora vem, a hora chegou, em que a vocação da mulher se realiza em plenitude , a hora em que a mulher adquire no mundo uma influência, um alcance, um poder jamais alcançados até agora. Por isso, no momento em que a humanidade conhece uma mudança tão profunda, as mulheres iluminadas do espírito do Evangelho tanto podem ajudar para que a humanidade não decaia".
Após o Concílio Vaticano II, Paulo VI explicitou o significado deste "sinal dos tempos", conferindo o título de Doutora da Igreja a Santa Teresa de Jesus e a Santa Catarina de Sena. A pedido da Assembleia do Sínodo dos Bispo de 1971, cujo tema foi "O sacerdócio ministerial e a justiça no mundo", o Papa Paulo VI instituiu uma Comissão especial com a finalidade de estudar os problemas contemporâneos concernentes à "promoção efetiva da dignidade e da responsabilidade das mulheres".
No seu discurso às participantes do Encontro Nacional do Centro Feminino Italiano, em 6 de dezembro de 1976, o Papa Paulo VI declarou, entre outras coisas: "No cristianismo, de fato, mais que em qualquer outra religião, a mulher tem, desde as origens, um estatuto especial de dignidade, do qual o Novo Testamento nos atesta não poucos e não pequenos aspectos (...); aparece com evidência que a mulher é destinada a fazer parte da estrutura viva e operante do cristianismo de modo tão relevante que talvez, ainda não tenham sido enucleadas todas as suas virtualidades".
Apenas se quisermos fazer uma recordação rápida da grandes e importantíssimas mulheres do Antigo Testamento, temos: Sara, Rebeca, Miriam, Deborah, Jael, Rute, Judite, Ester, Ana... Estas que eu lembro de cara. Mulheres escolhidas por Deus para fazer parte da história da salvação.
Primeiro, é necessário compreender a razão e as consequências da decisão do Criador de fazer existir o ser humano sempre e somete como mulher e como homem. Somente a partir destes fundamentos é possível falar da presença ativa da mulher na Igreja e na sociedade.
É importante ressaltar também que a exortação foi escrita após o Sínodo do qual não participaram somente o clero, mas também auditores leigos, homens e mulheres, provenientes de todos os continentes que puderam dar seu testemunho.
O Sínodo dos Bispos de 1987 realizou-se durante o Ano Mariano decretado pelo Papa João Paulo II, sendo portanto, um momento propício para se falar sobre a dignidade e a vocação da mulher, uma vez que o Senhor escolheu uma jovenzinha para ser a mãe do Salvador e nossa.
Maria pertence intimamente ao mistério salvífico de Cristo, e por isso está presente de modo especial também no mistério da Igreja. Porque "a Igreja é em Cristo como o sacramento... da íntima união com Deus e da unidade de todo gênero humano", a presença especial da Mãe de Deus no mistério da Igreja nos consente pensar no vínculo excepcional entre esta mulher e toda a família humana. Trata-se aqui de todos nos quais se realiza aquela herança fundamental da humanidade inteira: Deus criou o homem á sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou, como lemos no Gênesis.
Esta verdade esterna sobre o homem constitui ao mesmo tempo o mistério que só "se torna claro verdadeiramente no Verbo encarnado... Cristo manifesta plenamente o homem ao próprio homem e lhe descobre sua altíssima vocação", como ensina o Concílio na Constituição Pastoral Gaudium et Spes.
Neste manifestar o homem ao próprio homem não será preciso descobrir um lugar especial para a Mulher que foi a Mãe de Cristo? A mensagem de Cristo, contida no Evangelho e que tem como pano de fundo toda a Escritura, Antigo e Novo Testamento, não poderá dizer muito à Igreja e á humanidade sobre a dignidade e a vocação da mulher?
Este quer ser o fio condutor do documento que tem estilo e caráter de meditação.
Eu gostaria de começar aqui neste espaço, junto com aqueles que queiram me acompanhar, a leitura da Carta Apostólica escrita por São João Paulo II no ano de 1988 intitulada: "A Dignidade e a Vocação da Mulher".
A carta foi escrita após o Sínodo dos Bispos de 1987 que foi dedicado à vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo vinte anos após o Concílio Vaticano II, ou seja, depois de duas décadas deste evento que "abriu as janelas da Igreja" para que pudesse entrar a Luz de Cristo para dar uma resposta aos novos tempos trazidos pela modernidade e com ele, muitas angústias e anseio para toda a humanidade, onde foi ressaltado que a Igreja é formada pelo Povo de Deus, ou seja, todos os homens e mulheres batizados, como esta vocação e missão estava sendo vivida pelos leigos?
Dentro deste contexto laical, entrou em questão a dignidade e a vocação da mulher, afinal, em 1987 se completavam 27 anos do lançamento da primeira pílula anticoncepcional que provocou grandes transformações na vida famílias e questionou o papel da mulher na sociedade.
Não alheia ao que estava acontecendo, a Igreja procurou olhar para tal questão sob a luz do Evangelho e da Revelação, sobretudo, sob a intercessão da Virgem Maria.
Eu resolvi começar a ler esta carta porque, apesar dela ter completado 30 anos neste ano de 2018, ainda é atualíssima, sobretudo diante do cenário que vivemos onde o movimento feminista tem (re)despertado com tanta força. As questões voltam: quem é a mulher? seu papel na sociedade? sua relação com o homem? As vezes, tudo se torna uma grande confusão e parece que a sociedade se esquece que somos humanos criados para o amor, com a mesma dignidade e vira uma grande disputa de quem vale mais ou merece mais, se fechando num egoísmo onde cada um tem sua verdade e, no fim das contas ao contrário do que se pensa, ninguém tem voz, pois um fala e todos devem escutar e seguir. Ai daquele que contrariar! Já vira uma terminação verbal com ing.
Lembrando que este texto foi escrito por um santo, mas para além disso, era um homem inteligentíssimo e muito estudado. E se alguém me disser que este texto está ultrapassado porque foi escrito há 30 anos, o que diremos de Simone de Beauvoir que viveu entre 1908 e 1986, morrendo dois anos antes da escrita da encíclica?
Penso que o ideal é que todos leiam o documento, que você encontra gratuitamente clicando aqui.
E podemos seguir a leitura juntos, começando pelo primeiro capítulo que nada mais é do que uma introdução que nos contextualiza e nos apresenta o que iremos encontrar. Preciso ressaltar que eu estou muito longe de ter qualquer autoridade sobre o assunto e não quero instruir ninguém, porque não tenho condições para isso. Apenas quero despertar a atenção para a necessidade de lermos e conhecermos os documentos de nossa Igreja e o que ela diz diante de tantas questões que confundem a cabeça de tantas pessoas.
Muitas vezes, nós, cristãos, ficamos sem resposta para certos questionamentos porque não conhecemos a resposta que já foi dada. E os que criticam e questionam nunca leram uma homilia do Papa, de forma que dizem muitas abobrinhas sem conhecer a verdade.
Quero fazer esta leitura por capítulos, alternando com outros textos que eventualmente posso escrever.
Eu espero que a leitura desta carta, mais do que qualquer coisa, possa nos fazer sentirmos amados, todos nós, as mulheres de maneira especial, mas também os homens por terem ao lado, como semelhante, a mulher. Que nos sintamos amados pela Igreja e sobretudo por Deus, pois deste amor provém toda a dignidade, paz e alegria.
Um sinal dos tempos
Em 8 de dezembro de 1965, em sua mensagem final, o Concílio se volta especialmente para as mulheres: "Mas a hora vem, a hora chegou, em que a vocação da mulher se realiza em plenitude , a hora em que a mulher adquire no mundo uma influência, um alcance, um poder jamais alcançados até agora. Por isso, no momento em que a humanidade conhece uma mudança tão profunda, as mulheres iluminadas do espírito do Evangelho tanto podem ajudar para que a humanidade não decaia".
Após o Concílio Vaticano II, Paulo VI explicitou o significado deste "sinal dos tempos", conferindo o título de Doutora da Igreja a Santa Teresa de Jesus e a Santa Catarina de Sena. A pedido da Assembleia do Sínodo dos Bispo de 1971, cujo tema foi "O sacerdócio ministerial e a justiça no mundo", o Papa Paulo VI instituiu uma Comissão especial com a finalidade de estudar os problemas contemporâneos concernentes à "promoção efetiva da dignidade e da responsabilidade das mulheres".
No seu discurso às participantes do Encontro Nacional do Centro Feminino Italiano, em 6 de dezembro de 1976, o Papa Paulo VI declarou, entre outras coisas: "No cristianismo, de fato, mais que em qualquer outra religião, a mulher tem, desde as origens, um estatuto especial de dignidade, do qual o Novo Testamento nos atesta não poucos e não pequenos aspectos (...); aparece com evidência que a mulher é destinada a fazer parte da estrutura viva e operante do cristianismo de modo tão relevante que talvez, ainda não tenham sido enucleadas todas as suas virtualidades".
Apenas se quisermos fazer uma recordação rápida da grandes e importantíssimas mulheres do Antigo Testamento, temos: Sara, Rebeca, Miriam, Deborah, Jael, Rute, Judite, Ester, Ana... Estas que eu lembro de cara. Mulheres escolhidas por Deus para fazer parte da história da salvação.
Primeiro, é necessário compreender a razão e as consequências da decisão do Criador de fazer existir o ser humano sempre e somete como mulher e como homem. Somente a partir destes fundamentos é possível falar da presença ativa da mulher na Igreja e na sociedade.
É importante ressaltar também que a exortação foi escrita após o Sínodo do qual não participaram somente o clero, mas também auditores leigos, homens e mulheres, provenientes de todos os continentes que puderam dar seu testemunho.
Ano Mariano
O Sínodo dos Bispos de 1987 realizou-se durante o Ano Mariano decretado pelo Papa João Paulo II, sendo portanto, um momento propício para se falar sobre a dignidade e a vocação da mulher, uma vez que o Senhor escolheu uma jovenzinha para ser a mãe do Salvador e nossa.
Maria pertence intimamente ao mistério salvífico de Cristo, e por isso está presente de modo especial também no mistério da Igreja. Porque "a Igreja é em Cristo como o sacramento... da íntima união com Deus e da unidade de todo gênero humano", a presença especial da Mãe de Deus no mistério da Igreja nos consente pensar no vínculo excepcional entre esta mulher e toda a família humana. Trata-se aqui de todos nos quais se realiza aquela herança fundamental da humanidade inteira: Deus criou o homem á sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou, como lemos no Gênesis.
Esta verdade esterna sobre o homem constitui ao mesmo tempo o mistério que só "se torna claro verdadeiramente no Verbo encarnado... Cristo manifesta plenamente o homem ao próprio homem e lhe descobre sua altíssima vocação", como ensina o Concílio na Constituição Pastoral Gaudium et Spes.
Neste manifestar o homem ao próprio homem não será preciso descobrir um lugar especial para a Mulher que foi a Mãe de Cristo? A mensagem de Cristo, contida no Evangelho e que tem como pano de fundo toda a Escritura, Antigo e Novo Testamento, não poderá dizer muito à Igreja e á humanidade sobre a dignidade e a vocação da mulher?
Este quer ser o fio condutor do documento que tem estilo e caráter de meditação.
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Imaculada Conceição de José Claudio Antolínez, pintor barroco espanhol |
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