Encontro Mundial das Famílias - A Família é uma Boa Notícia para o mundo!
Eu tenho 25 anos.... já fui em cinco Jornadas Mundiais da Juventude.... estou a caminho de mais uma....
A JMJ não deixa de ser um encontro vocacional e é estranho pensar que eu ainda estou buscando confirmar a minha vocação.
Quero dizer, claro que a primeira vocação é de ser cristã, mas.... e a segunda?!
Então, às vezes, começo a pensar que eu deveria estar me preparando para ir para o Encontro Mundial das Famílias e não pra Jornada Mundial da Juventude. Ou melhor.... eu deveria estar indo pras duas... porque não sei se vou largar a JMJ um dia.... hehehehehhe
A próxima Jornada Mundial das Famílias será em agosto do ano que vem em Dublin, capital da Irlanda. Esse encontro acontece a cada três anos e a primeira edição foi em 1994, em Roma, por iniciativa de São João Paulo II que havia instituído o ano de 1994 como Ano das Famílias. Tendo em vista o terceiro milênio e as ameaças que já rondavam as famílias, durante o Encontro, o Papa João Paulo II perguntou: "Família cristã: o que é você?". Foi um momento muito importante em que o Pontífice afirmou que as famílias são uma "Igreja Doméstica" e base da Nova Evangelização para o terceiro milênio, uma vez que é na família cristã que surgem as vocações religiosas.
O segundo encontro das famílias, em 1997, foi no Rio de Janeiro! Eu tinha só seis anos, mas eu me lembro.... porque meu irmão estava prestes a nascer, então meu pai foi sozinho para o Encontro. Lembro de estar com a minha mãe acompanhando pela televisão.
O último Encontro Mundial das Famílias aconteceu nos Estados Unidos, em 2015 e eu já adoraria ter ido, mas naquela ralação para ir para Cracóvia, eu não podia nem pensar. Também porque, como é das famílias, não faria sentido eu ir sem meus pais e eles não tinha como ir.
Mas o ano que vem.... aaahhh no ano que vem eu gostaria muito que pudéssemos ir nós três, meus pais e eu. Porque acho que seria muito especial para nós viver este momento em que reafirmamos nossa vocação enquanto família cristã, chamada a ser um sinal concreto do amor de Deus. Um sinal concreto de que é possível ter muitos filhos, viver sem colocar o dinheiro em primeiro lugar. Que é possível se amar, se reconciliar, pedir perdão e ser perdoado. Amar o outro como ele é.
O tema do Encontro de 2016 é "O Evangelho da família, alegria para o mundo". O momento é bastante especial, tendo em vista todas as mudanças sociais e todos os ataques que a família vem sofrendo. É importante lembrar que em 2015 aconteceu o Sínodo dos Bispo sobre a família com o tema "A vocação e a Missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo". No ano seguinte, o Papa Francisco publicou a exortação apostólica Amoris laetitia, sobre o amor na família.
Então, o evento do próximo ano vem de encontro com todos esses acontecimentos e mostra o quanto a Igreja está atenta ao que acontece no mundo e como a globalização, os avanços, afetam a forma como as pessoas vivem, os anseios, as expectativas, os medos.... e procura, diante de tudo isso, dar uma resposta. Não uma reposta que o "mundo" quer escutar, não uma resposta que soluciona o problema, mas uma resposta que ilumina os acontecimentos sob a luz do Evangelho e que mostra que é possível e necessário viver todo esse vendaval como um cristão.
Eu penso que, ainda que os tempos mudem, no fundo, o anseio da humanidade será sempre o mesmo: o desejo de ser amado. Se sentir amado como é, sem nenhuma exigência, porque isso é sinônimo de felicidade, de vida. O medo também sempre será o mesmo, o medo de sofrer, de não ser amado, de estar só, de morrer. A diferença é que hoje em dia, com todos os avanços, existe uma pressão grande em cima de nós, que é a pressão do tempo. Ele voa. E conforme ele voa, mais apavorados ficamos ao perceber que nossa vida se extingue num átimo. Ao mesmo tempo, existem infinitas ofertas: opções de profissão, de trabalho, de ganhar a vida, de coisas para conhecer, de coisas para experimentar, de como viver.... e para tapar o buraco que temos no peito que é a falta de sentido na vida pela certeza que temos da morte, procuramos nos preencher com todas essas ofertas.
Por isso, apesar do medo de estar só, as pessoas estão cada vez mais sozinhas, "por opção". Ligam o botão da indiferença e se isolam. Não querem ter um matrimônio, não querem ter filhos, não querem abrir mão de nada. Querem ser felizes a qualquer custo, por isso buscam de tudo. O que temos, já não basta. O "tradicional" não é suficiente, então precisamos de mais e mais opções e quando elas se esgotam, nós criamos mais, porque precisamos acabar com uma insatisfação que nunca termina.
E assim, tudo vai se deturpando...
Pelo direito da mulher fazer o que quiser... se defende o aborto, destroem o sentido da maternidade, querem tirar a figura do homem, do pai... porque tirando a figura do pai, tira-se a figura de Deus, que é Pai. Falam em "novos modelos" de família.... e tantas coisas que vemos, porque o importante é ser feliz. Parece que todo mundo perdeu a capacidade de olhar para dentro de si.... porque podem ficar horrorizados com o que vão descobrir de si mesmo... então, é melhor se deixar devorar por toda a ideologia e se alienar.
A Igreja não está alheia a tudo isso... a esse sofrimento humano...e é isso que Ela quer iluminar, dar um sentido novo, um sentido que leve à esperança. Que mostre que é possível ter paz no sofrimento e que mostre que a liberdade não é fazer tudo o que se deseja, mas justamente, poder se conhecer e saber que a certas coisas, o melhor é dizer não e você pode dizer não, porque você é livre e não escravo.
Em março deste ano, o Papa Francisco escreveu uma carta para o Encontro das Famílias do ano que vem e achei muito especial porque ele já começa afirmando que "A Família é uma Boa Notícia para o mundo!". E é Boa Notícia por quê? Porque a Boa Notícia é o Amor de Cristo aos homens, um amor gratuito que não exige nada em troca. E eu posso experimentar isso na minha família. Este amor concreto. Se primeiro eu experimento que Cristo me ama como eu sou, não me exige nada e me perdoa, então posso amar e perdoar meus pais e irmãos como eles são, sem exigir nada em troca. Não é fácil... aliás, é impossível se for ver, mas apoiados na Palavra, na oração em família, isso se torna possível. O Papa João Paulo II, Santo, já disse que a família é a Igreja Doméstica, é um núcleo de amor, onde Deus está presente sempre.
Mas não é fácil viver esse combate do dia a dia, esse combate em ser família, ceder, perdoar e pedir perdão. Por isso a Igreja vem dizer que não estamos sozinhos, que ela nos acolhe, nos ajuda, nos suporta e mais, que Cristo está conosco em todos os momentos.
Por isso acho importante responder a esse chamado de estar neste Encontro Mundial das Famílias.
Devo dizer que quando chego numa Jornada Mundial da Juventude, vejo taaantos jovens como eu, me da um alívio, um consolo. O mesmo acontece ao ver taaantas famílias cristãs com seus combates, mas com essa certeza do Cristo Ressuscitado.
Por isso eu gostaria tanto de poder ir com a minha família.... Ao menos com meus pais. Mas....bem, quem sabe.
Leia na íntegra a carta do Papa Francisco tirada do site do Vaticano, traduzido em português de Portugal:
CARTA DO PAPA FRANCISCO
PARA O IX ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS SOBRE O TEMA:
"O EVANGELHO DA FAMÍLIA: ALEGRIA PARA O MUNDO" [DUBLIM, 21-26 DE AGOSTO DE 2018]
Ao Venerado Irmão Cardeal Kevin Farrell
Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida
No final do VIII Encontro Mundial das Famílias, realizado em Filadélfia em setembro de 2015, eu anunciei que a sucessiva reunião com as famílias católicas do mundo inteiro teria lugar em Dublim. Agora, com o desejo de dar início à sua preparação, sinto-me feliz por confirmar que ela será realizada de 21 a 26 de agosto de 2018, sobre o tema: «O Evangelho da Família: alegria para o mundo». E a propósito desta temática e do seu desenvolvimento, gostaria de oferecer algumas indicações mais específicas. Com efeito, desejo que as famílias tenham a possibilidade de aprofundar a sua reflexão e a sua partilha sobre o conteúdo da Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris laetitia.
Seria possível questionar-se: o Evangelho continua a ser alegria para o mundo? E mais ainda: a família continua a ser uma boa notícia para o mundo de hoje?
Estou convicto que sim! E este «sim» encontra-se firmemente fundado no desígnio de Deus. O amor de Deus é o seu «sim» à criação inteira e ao seu âmago, que é o homem. Trata-se do «sim» de Deus à união entre o homem e a mulher, em abertura e ao serviço da vida em todas as suas fases; é o «sim» e o compromisso de Deus a favor de uma humanidade muitas vezes ferida, maltratada e dominada pela falta de amor. Por conseguinte, a família é o «sim» do Deus Amor. Somente a partir do amor a família pode manifestar, propagar e regenerar o amor de Deus no mundo. Sem o amor não podemos viver como filhos de Deus, nem como cônjuges, pais e irmãos.
Desejo pôr em evidência como é importante que as famílias se interroguem frequentemente se vivem a partir do amor, para o amor e no amor. Concretamente, isto significa doar-se, perdoar-se, não perder a paciência, antecipar o outro, respeitar-se. Como seria melhor a vida familiar, se cada dia vivêssemos as três simples palavras: «com licença», «obrigado» e «desculpa». Todos os dias nós vivemos a experiência da fragilidade e da debilidade, e por este motivo todos nós, famílias e pastores, temos necessidade de uma humildade renovada que plasme o desejo de nos formarmos, de nos educarmos e de sermos educados, de ajudarmos e de sermos ajudados, de acompanharmos, discernirmos e integrarmos todos os homens de boa vontade. Sonho uma Igreja em saída, não autorreferencial, uma Igreja que não passe distante das feridas do homem, uma Igreja misericordiosa que anuncie o coração da revelação de Deus Amor, que é a misericórdia. É esta mesma misericórdia que nos renova no amor; e sabemos que as famílias cristãs são lugares de misericórdia e testemunhas de misericórdia; depois do Jubileu extraordinário elas sê-lo-ão ainda mais, e o Encontro de Dublim poderá oferecer sinais concretos disto.
Por conseguinte, eu convido a Igreja inteira a ter presentes estas indicações na sua preparação pastoral em vista do próximo Encontro Mundial.
A Vossa Excelência, estimado Irmão, juntamente com os seus colaboradores, apresenta-se a tarefa de promover de maneira particular o ensinamento contido na Amoris laetitia, com a qual a Igreja deseja que as famílias estejam sempre a caminho, naquele peregrinar interior que constitui uma manifestação de vida autêntica.
Dirijo o meu pensamento de forma especial à Arquidiocese de Dublim, bem como a toda a amada Nação irlandesa, pelo generoso acolhimento e pelo compromisso que exige a organização de um acontecimento de tal importância. Que o Senhor vos recompense desde já, concedendo-vos abundantes favores celestiais.
A Sagrada Família de Nazaré oriente, acompanhe e abençoe o vosso serviço e todas as famílias comprometidas na preparação do grandioso Encontro Mundial de Dublim.
Vaticano, 25 de março de 2017
FRANCISCO
Fonte: https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/letters/2017/documents/papa-francesco_20170325_incontro-mondiale-famiglie.html
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